Página em branco
Dizem que a
vida é uma página em branco, pronta para ser escrita.
Mas será que é? Como poderia
ser?
Nada nunca está verdadeiramente em branco. É como se estivéssemos
escrevendo sobre uma página que já foi rabiscada, escrita e reescrita, amassada.
Ela carrega as marcas de toda nossa trajetória até exatamente este ponto, este
momento do presente em que você se torna consciente de que grande parte de você
pode nem ser sua.
Quantas vezes nos permitimos sermos levados pelos desígnios
alheios, pelos condicionamentos e pressões da sociedade?
Nós não estamos em
branco.
Carregamos as memórias de outros tempos, memórias que nos fazem muitas
vezes nos repetirmos, insistirmos nos fantasmas do passado. Muitas e muitas
vezes nós carregamos pesos e bagagens que não nos servem mais. E quanta coisa
já está no caminho, sobre essa folha supostamente em branco, ao ponto de você
não saber mais o que está escrito, ao ponto de não saber mais quem é?
Não é
possível tornar a folha em branco novamente, se é que algum dia ela foi. Quanto
mais deixar acumular sobre essa folha, repetindo histórias antigas, culpas e
pensamentos que não acrescentam, mais difícil será ler essa folha, mais difícil
será se reconhecer.
O que não soma, não enriquece o espírito, não traz conhecimento, vale mesmo a
pena ser escrito?
Às vezes é preciso ter parcimônia, escrever só o necessário, só o que for importante.
Às vezes é preciso ter parcimônia, escrever só o necessário, só o que for importante.
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